segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

A peregrinação das folhas caídas

No final do ano de 2011, eu morava em um quarto de uma ala desativada de um asilo. Como fui parar lá? 




Essa é uma longa história, que envolve a generosidade do tataraneto do Barão de Mauá e minha incrível experiência de convívio com 50 tailandeses (que parece até ficção, mas não é). Como este deve ser um relato breve, vou direto ao ponto.

Naquele lugar eu levava uma vida bem simples. Não me importava com a falta de bens materiais, a única coisa que fazia com que eu me inquietasse era uma vontade imensa de viajar. Mas como poderia fazer isso, sem dinheiro? Acho que escrever poesia seria a última resposta para essa questão. Mas foi a minha resposta.

Senti o sonho de viagem crescer ao ler o edital de um prêmio literário promovido pela Universidade de Fortaleza. O prêmio? Uma viagem para Washington para conhecer a maior biblioteca do mundo: a Biblioteca do Congresso Nacional. Bastava para isso vencer o concurso com um livro de poesia inédito de, no mínimo, cem páginas... O prazo? No dia seguinte as inscrições seriam encerradas...

Por incrível que pareça, não apenas consegui escrever o livro em um dia, observando as pequenas coisas do quintal do asilo e do meu aparentemente tedioso dia a dia, como acabei vencendo o Prêmio de Literatura UNIFOR.

Nascia o livro: cem pequenas poesias do dia a dia.





Eu tinha a passagem para Washington, mas e o dinheiro para as despesas de viagem? A resposta era a mesma: poesia.

Escrevi um poema observando a chuva que caía sobre o asilo e o inscrevi no Concurso de Poesias da Universidade Federal de São João del-Rei. Fiquei entre os premiados e ganhei o suficiente para comprar 500 dólares.

Assim começou a minha peregrinação nos Estados Unidos, percorrendo dez mil quilômetros de estrada para visitar os grandes escritores norte-americanos. E tudo isso pago apenas com poesia. Era o ano de 2012...

Hoje é um dia que só acontece a cada quatro anos. E é por isso que retorno àquele ano de 2012, também bissexto e raro. Afinal, quantas vezes na vida podemos dizer que fizemos uma viagem tão incrível, usando apenas a poesia como dinheiro? 


A partir da próxima quarta-feira, 02 de março de 2016, iniciarei uma nova peregrinação poética, desta vez, com o apoio de uma bolsa de criação literária em poesia (ProAC – Governo de São Paulo). Sim, o meu trabalho nos próximos meses será... ser poeta.

A cada quarta-feira farei uma postagem aqui neste blog, narrando os passos da viagem até o “encontro” com um grande autor. 

O destino final será um livro de poesia digital e gratuito, após 18 escritores visitados, cujo lançamento, aqui mesmo neste blog, será no dia 20 de outubro de 2016.

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Pé na estrada, poesia no coração!

Até quarta!