quarta-feira, 4 de maio de 2016

O Grande Gatsby - F. Scott Fitzgerald


Eu poderia ter ido a muitos lugares em Baltimore, para seguir os passos de F. Scott Fitzgerald, o autor de “O Grande Gatsby”. Mas escolhi um lugar onde suas memórias ainda poderiam estar hospedadas: o Hotel Stafford.


               No passado, o hotel servia a elite de Baltimore e ilustres visitantes, como estrelas de cinema (hotel favorito de Katherine Hepburn) e famosos escritores, sendo o último endereço de F. Scott Fitzgerald em Baltimore, antes de sua mudança para Hollywood.
               Diante do elegante prédio, imaginei as festas que um dia seus salões testemunharam. Talvez seriam festas que o próprio Gatsby daria, se o personagem vivesse em Baltimore e não em Nova Iorque. De qualquer forma, o Stafford poderia representar o Sonho Americano, criticado no grande romance de Fitzgerald. Na virada do século 21, o Stafford Hotel testemunhou a própria decadência, tornando-se um ponto de drogas e prostituição...
               Em um papel timbrado do Hotel Stafford, F. Scott Fitzgerald escreveu:

               "Eu amo Baltimore mais do que eu podia imaginar —  é tão rica em memórias — é bom olhar a rua e ver a estátua do meu tio-avô e saber que Poe está enterrado aqui e que muitos antepassados andaram na cidade velha... Eu pertenço aqui, onde tudo é civilizado e alegre... E eu não me importaria se em poucos anos, Zelda e eu pudéssemos nos aconchegar juntos sob uma pedra em algum velho cemitério aqui. Isso é realmente um pensamento feliz...”

               Quando o escritor chegou a Baltimore, nos primeiros anos da Grande Depressão, desejava retomar a vida com um novo livro, ao mesmo tempo em que tinha a esperança de ver sua musa, Zelda, curada de sua esquizofrenia. Mas nada disso aconteceu, Fitzgerald tinha seus próprios problemas com o alcoolismo... A festa parecia ter acabado. O que poderia se dizer de um personagem, Gatsby, que viveu com fausto os loucos anos do jazz acabando em seu funeral com apenas três pessoas? Durante a vida, enquanto tudo era festa, os salões viviam lotados. Mas na morte... Seria isso triste? O personagem Meyer Wolfsheim justifica sua ausência no funeral:

               “Vamos aprender a demonstrar nossa amizade a um homem enquanto ele está vivo, e não depois que morreu..."

               A vida acompanha um estranho ciclo. Assim como aquele prédio diante de mim, que experimentou o luxo na época em que ainda era o imponente Hotel Stafford, decaiu para se tornar um ponto de prostituição e drogas... e reergueu-se, tornando-se propriedade da Universidade Johns Hopkins (lembram-se do Doutor Gregory House?), que o converteu em residência estudantil. Acredito que jovens o habitam, sem o luxo das antigas festas, mas com o peito cheio de esperança e amizade. Assim espero... Enquanto me afastava do velho Stafford, até imaginei ouvir alguns acordes de jazz...



Próximo capítulo: O chamado da floresta – Jack London.


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